A superlatividade de um dia difícil…

Se engana quem acha que viver é, simplesmente, existir. É muito mais do que isso. Mesmo que não tenhamos extensas agendas e objetivos, mesmo que estejamos ocupados em sobreviver, é evidente que temos aspirações, desejos e necessidades.
E muitas das vezes, a vida nos impõe certos desafios, os quais pensamos estar à altura. Mas não é bem assim. Principalmente em um ano em que este país se esfacela na nossa frente, em que sentimos toda a desesperança chegar, sobretudo após 5 anos de uma injustificada ruptura institucional, tudo nos parece estar à flor da pele.
Não poderia ser diferente: pandemia, inflação, ingovernabilidade, morte, tristeza, acirramentos raciais, massacre de minorias. Equilibrar-se é, praticamente, impossível.
Quando se está em um momento de bem-estar, sentimo-nos confortáveis o suficiente para apenas curtir a sensação, não há a necessidade de se buscar uma solução, mas, tão somente, manter aquela sensação, aquele bem-viver, aquele bem-querer. É se manter na gostosa inércia do se sentir bem.
No entanto, quando nos sentimos desconfortáveis com algo, mesmo que não saibamos o porquê, mesmo que não seja palpável, torna-se algo grandioso, esplendorosamente irritante, que mina nossa paciência, esgota nossas forças e depreda nossos sentimentos.
E, por mais que haja uma solução, ela pode não ser rápida (a maioria das vezes não é, sobretudo se não for algo, materialmente, consertável), o que multiplica a inquietude, aumenta a ansiedade, assola os pensamentos.
Creio eu que o melhor seria trabalhar essas situações, verificar o que pode ser feito e, o que não tem remédio, remediado está. Por certo que, nem sempre, encontraremos as melhores respostas ou um resultado que nos deixe plenamente satisfeitos. Entretanto, há de se ter esperança no amanhã. Ela, junto com nossas próprias ações em prol da melhoria, nos trarão mais clareza.
Nada como um dia após o outro.
