Inexorável… Porém evitável.

Falar dela é indigesto, porque representa um fim em si. Um deixar de ser. Um, provável, nada. Porém ela sempre está ali: nos ronda, nos espreita e, em seu momento, chega.
Encaremos: Não somos imortais. Nosso corpo, assim como qualquer invólucro biológico, foi feito para nascer, amadurecer, envelhecer e expirar. E não há como lutarmos contra este destino, apesar das inúmeras tentativas científicas.
Certa vez, um advogado que conheço disse: “Daqui a um tempo, os homens viverão até os 250 anos de idade…”. Lembro de ter-lhe respondido: “Deus me livre!”.
Penso que essa avidez por viver acaba por nos roubar certos momentos de contemplação e ponderação. Sempre queremos viver, ter prazer, nos sentir cheios de energia e vividez.
Mas, será que, em certos momentos, não temos de parar e pensar um pouco quais caminhos temos? Onde estamos levando nossas vidas? Se estamos mesmo apoiando àqueles que amamos? Se temos como estender a mão a alguém que precisa, ou ajudar nossa comunidade?
Essa necessidade por “viver” muitas vezes nos impede de planejar o futuro, de buscar novas oportunidades ou, simplesmente, parar para sentir o cheiro das flores. O “viver ao máximo” nos impele a não pensar muito antes de decidir.
Evidentemente que, em tempos tão lúgubres, é impossível não pensar nela, principalmente porque está em todo lugar. No entanto, apesar de termos de conviver com sua presença, não podemos nos acostumar com a forma com que ela vem se apresentando.
Isso porque, se ela é uma consequência do viver, por outro lado, esse viver não precisa ser abreviado pela irresponsabilidade (para ficar nisto) de pessoas que, em postos de comando, possuem o dever de zelar pela saúde de quem governam.
Além disso, nessa sanha da busca por se sentir vivo, não podemos nos esquecer de nosso dever de cuidado com o próximo. Sim, você pode achar que não deve cuidar de um desconhecido, mas a vida em sociedade é assim. Não sois sozinho.
Se você se cuida, e evita colocar-se em risco, você protege um familiar, um vizinho, ou alguém que precisa, infelizmente, se arriscar para levar comida para casa (já que vivermos sob um governo acéfalo).
Entendamos: A morte é inevitável, mas não precisamos fazer escolhas desinteligentes que levem a nós e os nossos, mais cedo, ao encontro dela. Situações há que, indubitavelmente, não temos escolha.
Mas naquelas que temos, é preciso se fiar naquilo que é concreto, sem se deixar levar pelo, reinante, charlatanismo.