Paz-coa

“Quem, de onde vier, que venha em paz…” já dizia o provérbio (quem souber sua origem, por favor, me diga).
Apesar de ser um feriado religioso (judaico ou cristão), a Páscoa representa um renascimento, uma renovação ou a continuidade daquilo que é bom, deixando de lado o que não serve, porém cultivando seu aprendizado.
Daí, hoje, dia 04 de abril de 2021, lanço uma pergunta: O que devemos deixar para trás, e o que devemos levar conosco?
Começo: Devemos levar, sempre, a fraternidade. Enxergar no outro um igual, porque sem ele, não somos sociedade. Eu, sozinho, não sou ninguém, senão eu mesmo, um fim em mim. E esse fim é incapaz de se bastar porque, apesar de possuir suas qualidades, também possui ’n’ defeitos, que o fadariam a uma existência curta, solitária e melancólica.
Esse ‘eu’ morreria de fome caso não houvesse quem, para ele, vendesse/desse comida. Morreria por uma doença qualquer, caso não tivesse onde se tratar. Em suma: se não se importasse com outrem, acabaria por se extinguir.
Por isso o Brasil atual é tão cruel. Ele valoriza o ‘eu’ acima do nós, por meio de um pastiche de meritocracia e investimentos, em que todo mundo pode empreender, todo mundo pode investir, sempre acreditando no imponderável (e invisível mercado). Como investir se estou preocupado com o que vou comer amanhã? Como crer em um fundo impalpável se o auxílio não paga uma cesta básica? Questões…
Creio, ao dizer o que precisamos levar, já ter demonstrado o que devemos deixar. Por isso, ouso citar Solano Trindade: “Se tem gente com fome, dá de comer…”.
Que nosso renascimento seja cheio de paz, e com base nela, tenhamos a consciência de que, sozinhos, não somos.
“Um: nó… Dois: nós…” — Roberto Diamanso.