Viver é a arte do possível

Daniel Hilário
3 min readDec 12, 2022

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Imagem de uma rua, provavelmente um distrito industrial, em que um garoto, de cabelos loiros, paletó azul, camisa branca e calças azuis, anda de mãos dadas com uma garota de cabelos pretos, vestido preto e echarpe com estampa floral vermelha. No fundo, há sombras de pessoas olhando por janelas ou andando nas calçadas.
Quadro: ‘Now you lead me,’ he said, taking her hand, ‘and i’ll take care of you’ (1919), de Jessie Willcox Smith (EUA, 1863–1935)

Na história da filosofia, minha vertente favorita é a do Estoicismo. Trata-se de uma escola, surgida na Grécia Antiga, que pregava que é preciso se fidelizar ao conhecimento e focar naquilo que se pode controlar.

Assim, seus princípios são os seguintes:

  • A virtude é o único bem e caminho para a felicidade;
  • A pessoa deve sempre priorizar o conhecimento e o agir com a razão;
  • O prazer é um inimigo do sábio;
  • O universo é governado por uma razão universal natural e divina;
  • As atitudes têm mais valor que as palavras, ou seja, o que é feito tem mais importância do que é dito;
  • Os sentimentos externos tornam o ser humano um ser irracional e não imparcial;
  • Não se deve perguntar porque algo aconteceu na sua vida, e sim aceitar sem reclamar, focando apenas no que pode ser modificado e controlado naquela situação;
  • Agir prudentemente e assumir a responsabilidade sobre os seus atos;
  • Tudo ao nosso redor acontece de acordo com uma lei de causa e efeito;
  • A vida e as circunstâncias não são idealizadas. O indivíduo precisa conviver e aceitar a sua vida da forma que ela é.

(Busquei-os aqui: https://www.significados.com.br/estoicismo/)

Evidente que não é possível seguir todos os princípios, acima indicados, ao pé da letra, sob pena de nos tornarmos pessoas insensíveis, que não se conectam com seus semelhantes. Vale dizer: vivemos em uma sociedade plural e, portanto, não somos sozinhos em uma terra estéril. A sociabilidade também é um valor a ser cultivado.

No entanto, uma coisa tenho como certa (em adaptação de alguns dos princípios citados): Em quaisquer situações, devemos nos ocupar com as partes que nos cabem (ou que podemos controlar), fazendo sempre o nosso melhor, com prudência, e assumindo as responsabilidades no dia a dia.

Ter isso como um norte pode servir para aplacar muitas das ansiedades que vivenciamos, afinal, se coisas há, que não conseguimos controlar (ou que não nos cabem) e dependentes de terceiros, então eles que delas se ocupem. Façamos nossa parte da melhor forma possível, e se tivermos alguma dificuldade, assumamos nossas fraquezas e busquemos soluções.

Anedota de uma possibilidade

O que me fez pensar nesse, breve, texto foi um fato que vivenciei na manhã de hoje: Enquanto ia comprar um chocolate, passei por uma senhora que me perguntou as horas. Respondi e segui meu caminho.

Na volta, vi que ela estava parada em uma esquina, atrás de um poste, derrubando algumas lágrimas. Perguntei porque ela chorava, e ela me disse:

“Meu amor, estou feliz porque estou vendo uma pessoa querida.” (era um senhor que estava conversando com outro, cerca de 20 metros de onde ela estava).

Perguntei porque não ia falar com ele. Ela me encarou e disse:

“Não vou, meu amor, deixa ele lá.”

Entendi e desejei que tomasse coragem de ir até ele em algum momento, ou que as coisas se ajeitassem da melhor forma possível. Ela me agradeceu, sorriu, e continuou admirando-o à distância.

O que se deu entre eles? Não sei. Mas ela está fazendo sua parte, vivendo o que lhe é possível nesse momento.

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