Racismo assassino de todo dia.

Já falei dessa dor aqui e, inclusive, perguntei se ela iria embora. Minha resposta, naquele momento, era um não saber. Eu não sabia, porque não dependia de mim, mas dos titulares dessa dor que, ali, eu sentia, mas ainda não tinha internalizado.
Mas hoje a sinto, e ela não é só minha, mas de milhões que foram escravizados, seviciados, espancados, e, quando alforriados, não receberam quaisquer condições de crescer e de se promover. Essa dor permeia gerações e se decanta em tantos outros sentimentos como a raiva, o ódio, o medo, o receio.
Dessa vez, um imigrante e trabalhador, de 24 anos, que veio para o Brasil para fugir da perseguição política em sua terra natal, resolveu reivindicar seus direitos, afinal, trabalhara por dois dias sem receber as diárias que lhe foram prometidas. E seu pagamento foi imeditado: Foi amarrado a uma escada e espancado até a morte por 5 outros seres, que me recuso a considerar humanos. (aqui)
Provavelmente, era isso que queriam os “think tanks” da Reforma Trabalhista, quando disseram que o empregado (eufêmicamente chamado de “colaborador”) poderia negociar com o patrão. Trabalha, não recebe, e se reclamar, paga com a própria vida.
Afinal, tal “reforma” não criou as trilhões de vagas prometidas, sucateou postos de emprego e jogou milhões na informalidade (e tínhamos pleno emprego, com CLT, poucos anos antes, veja aqui)
Por isso essa dor nunca irá embora. Porque todos os dias seremos lembrados dela, principalmente se considerarmos o viés “anti-politicamente correto” do atual governo, cujos asseclas, correligionários e apoiadores adoram demonstrações de força como estas, despejam impropérios ao pequeno sinal de contrariedade.
Ou cujo representante mór não sabe sequer comer com algum tipo de civilidade, além de decretar luto em razão do passamento de uma figura nefasta, um pseudopensador que espalhava mentiras ideológicas. (insira o emoji de caveira aqui).
Cabe, então, fazer uma segunda pergunta: O que fazer com essa dor e suas consequências? Em que transformá-la? Vamos ficar inertes, mais uma vez, e confiar em uma Justiça que insiste em revitimizar o pobre, o preto, a mulher, o ou a LGBTQIA+, o indígena?
Uma coisa é certa: Não há democracia racial. Aliás, não há democracia, não enquanto somos meras engrenagens em um joguete que enriquece poucos às custas de tantos, e que serve nossa carne nas ruas, ao molho de nosso próprio sangue.